14 de dez. de 2013

O que aprendi com o testemunho de vida do missionário David Brainerd





Sinto-me muito abençoada em ter tido a oportunidade de ler esta obra (relatos os quais David Brainerd não intencionava publicar, mas permitiu antes de sua morte que fosse publicada posteriormente pelo seu sogro Jonathan Edward). 

Meu Coração em diversos momentos se viu como um só com o de David Brainerd, especialmente nos seus momentos de oração e de introspecção. Identifiquei-me muito com ele em alguns aspectos.

O encontro de Brainerd com Deus – sua conversão de fato, (apesar de ter crescido ouvindo a palavra) foi algo lindo. A forma como a luz de Cristo o iluminou e ele pôde compreender que não havia nada que pudesse considerar como seu melhor que pudesse oferecer a Deus e por meio disso alcançar sua graça salvífica. E, mesmo após sua regeneração, a cada dia ele volta a expressar a sua consciência desta verdade, e a demonstrar o quanto abomina sua antiga atitude auto-suficiente e soberba diante de Deus. Ele agora reafirmava, dia após dia, a sua vileza e indignidade diante de Deus. Havia agora em Brainerd uma sede por santidade não mais como mérito para obter salvação, mas como necessidade de agradar e glorificar a Deus.
E cada dia mais Deus vai fazendo com que seu coração queime cada vez mais por missões, ate que se coloca disposto a servi-lo até o fim de seus dias. David Brainerd diz sempre em seu diário que até mesmo o desenrolar de suas orações ocorre sob total dependência de Deus ele sempre reconhece que é de Deus que recebe a capacidade, o poder para clamar pelas almas, por compaixão por elas, e por sua própria renúncia a si mesmo e às tentações humanas do orgulho e da soberba e a auto-glorificação.
E, de fato, é o Espírito Santo que nos impele a clamar da forma como Deus deseja. E algo que me chamou a atenção é que Brainerd dedicava muito tempo à oração, e muitas vezes se retirava para estar em, como ele mesmo chama “orações secretas”. Acredito que a importância que damos à oração, a longos momentos com Deus é um termômetro para sabermos o quanto amamos de fato a Ele, e David Brainerd, de forma não intencional, nos deixa ver seu coração dilatado de amor a Deus e, em conseqüência deste amor ao Senhor, o amor pelos que se perdem, floresce; diferente de outrora, quando ele temia lançar-se totalmente nas mãos de Deus.
Seus problemas de saúde surgiram bem cedo, primeiro, quando estava na faculdade, quando teve sarampo, depois, quando teve esgotamento; mais tarde, também esteve depressivo.
Brainerd sempre salienta sua luta contra si mesmo, menciona sempre sua falta de amor e gentilezas cristãos e a sua falta de humildade. Ele sempre exprimia seu anelo a dedicar-se ao serviço do Reino: “Que eu possa sempre viver para Deus!”
A partir de 1742, Brainerd passa a colocar-se à disposição para ir aos índios kaunaumeek, embora continuasse com aquela forte convicção de indignidade.
Suas dificuldades no campo, logo ao chegar: os temores, sensação de impotência para a realização de sua tarefa, receio de não conseguir obter êxito, entre os índios. Ele fala também de sua solidão, frio e fome; mas percebe que tinha motivo suficiente de consolação no Deus bendito.
É maravilhoso o depoimento da índia dentre os primeiros que tiveram interesse pela mensagem trazida por Brainerd. Ela disse que seu coração havia chorado desde que ouvira a sua pregação pela primeira vez.
No seu aniversário (em 20/04/1743) de 25 anos, ele conclui que havia vivido pouco para a glória do Deus eterno.  Após três meses, Brainerd decidiu morar de vez entre os índios. Mas, por não ver resultados em seu trabalho ali, Brainerd já estava prestes a renunciar a sua esperança de viver para Deus. Em 16 de agosto (1743) Brainerd relata que esta com debilidade física pela dificuldade em conseguir alimentos apropriados. Com seu cavalo perdido na floresta, ele mesmo também não pode ir buscar o pão. Entretanto, Brainerd, assegura de que estava descobrindo a disposição de viver contente sob qualquer circunstância. Ele redige um humilde pedido de desculpas ao reitor e aos diretores da universidade sobre um recente problema em que se envolveu e foi expulso da mesma.
Em 20 de setembro, me chamou a atenção o fato de Brainerd referir-se aos índios com os quais trabalhava de “os meus índios”; o que denota compaixão, zelo e apego. Ele começou, então a estudar a língua deles.
Em janeiro de 1744 ele faz uma avaliação e agradece a Deus pela sua graça e bondade sobre aqueles 15 meses ali, e por ter conseguido ofertar para fins caridosos ali cerca de cem libras, e por Deus tê-lo ajudado a atravessar todas as dificuldades daquele ano.
Nos dias que se seguiam, Brainerd continuava a entristecer-se por causa a sua condição, por fazer tão pouco para Deus. Ele sempre deseja ser santo, ser humilde e estar crucificado para o mundo.
Ele ficava ansioso por causa da dificuldade em relação à oração e a meditação quando se encontrava fora de casa por dias para estudar a língua dos índios. Mas ao voltar pra casa, ele voltava a ter a liberdade desejada para dedicar-se a oração. Acho admirável quando ele se refere à oração como “um exercício tão doce”.
Ao falar sobre o seu trabalho para o Pr. Pemberton, ele disse que se esforçou para levá-los de forma mais clara possível: 1) A pecaminosidade e a miséria do estado em que se achavam naturalmente; a maldade de seus corações, a corrupção de suas naturezas, a pesada culpa sob a qual estavam, e como estavam sujeitos à punição eterna. E também a total incapacidade deles salvarem-se a si mesmos, quer de seus pecados, quer de suas misérias as quais são a justa punição dos pecados; de seu não-merecimento de misericórdia da parte de Deus, diante de qualquer coisa que eles mesmos pudessem ter feito para obter o favor divino, e, em conseqüência, sua extrema necessidade de Cristo, a fim de serem salvos. 2) Procurou mostrar-lhes a plenitude, a toda suficiência e a liberdade da redenção operada pelo Filho de Deus, com base em sua obediência e sofrimentos, em favor dos pecadores que estão perecendo, como essa sua provisão ajusta-se a todas as carências deles, e como ele as chamava e convidava a aceitarem a vida eterna gratuitamente, não distante a toda a pecaminosidade deles.
Brainerd compôs diversas orações e com a ajuda de seu intérprete, as traduziu para o idioma deles, logo aprendeu a pronunciar as palavras e pode orar com eles na sua própria língua. Também traduziu diversos salmos, e pouco depois eram capazes de entoá-los no culto a Deus.
Ele se alegra ao perceber que muitas verdades ensinadas eram perceptíveis em suas mentes por meio de seus diálogos e indagações, quando ele tinha oportunidades de aprofundar mais em determinados temas. E ainda, muitos deles, entre lágrimas, indagavam o que deveriam fazer para serem salvos.
Após cerca de um ano com os índios kaunaumeek, Brainerd, por decisão junto aos representantes da missão, partiu para trabalhar com os índios do rio Delawere. Brainerd não veio a aceitar este segundo convite para tribos por desconhecer os sofrimentos num campo indígena, mas por amor. Ele chegou a rejeitar convites para pastorear igrejas onde poderia ter conforto e um ministério bem sucedido; preferindo dedicar-se a evangelização dos índios.
Brainerd passava por um momento de debilidade física, chegando a cuspir sangue.
Ele era sensível e humilde para com Deus, reconhecendo até mesmo, as vezes em que na pregação percebia que a seus olhos mais sobressaía sua habilidade retórica do que a sua espiritualidade, porém mais tarde, agradecia a Deus pela sua assistência, reconhecendo que dependia exclusivamente de Deus.
Mesmo em meio aos sofrimentos nunca se permitiu cogitar desistir do seu trabalho entre aqueles pobres índios, e sempre sentia Deus a encorajá-lo.
Brainerd fez-se presente em um funeral entre os índios e ficou impressionado ao ver suas práticas pagãs; e isto o levou a clamar pelas almas deles diante de Deus.
Brainerd registra como estava se sentindo no dia de sermão de aprovação para ordenação, a qual ocorreu no dia seguinte.
Ele fala de momentos em que pregou aos índios sentindo-se muito desencorajado, e ainda enquanto pregava percebeu algo mudou: foi cheio de amor, calor, poder e ajuda de Deus e, além disso tudo, ele concluiu que o Senhor havia tocado nas consciência deles.
Ele morava a cinco quilômetros da tribo. E precisava cavalgar até a tribo todos os dias para a realização do seu trabalho entre eles.
É impressionante como Brainerd demonstra, em seu relacionamento particular com Deus, em seus diálogos realizados por meio de seu diário, uma vida totalmente rendida à grandeza do Pai! Frequentemente podemos ler ele se referindo-se a si mesmo com um “pobre verme” e clamando a Deus que aceite sua vida como oferta.
Breinard menciona sua dificuldade em lidar com os índios no aspecto “cultural”, o qual envolvia festas e idolatria e demônios etc. Menciona também como satanás lançava setas em sua mente, mas mantinha sua confiança fixa em Deus. E posteriormente, Brainerd pode observar o agir de Deus no coração daqueles índios.
Acredito que o diário de Brainerd ajudou muito os missionários que posteriormente, dedicaram suas vidas a evangelização dos indígenas daquelas regiões, pois ele fala com detalhes acerca de como eles pensavam acerca de Deus, acerca dos brancos e acerca do cristianismo e como eles reagiam de forma preconceituosa à mensagem do evangelho e das vezes que demonstravam interesse em ouvi-lo e quiseram que ele tirasse duvidas acerca do cristianismo.
Ele enfrentava muitos perigos em suas viagens; frio, mau tempo, etc. Certa vez, a sua égua quebrou a perna e ele teve que sacrificá-la e seguir viagem a pé. Ele e seu intérprete pernoitando no meio da mata, tinham que dormir cercados de lobos que uivaram por perto. Por vezes se perdeu na floresta e andou por lugares terrivelmente perigosos, e isto, muitas vezes acontecia quando ele estava muito doente; mas sempre sendo preservados pelo Senhor e reconhecendo esta graça.
Brainerd ficou muito preocupado com aqueles índios, quando por causa de sua saúde teve que deixá-los até que melhorasse.
Mais tarde, ele narra com alegria acerca das duas primeiras conversões; a do seu intérprete e sua esposa e do batismo deles. É maravilhoso quando ele passa a mencionar os frutos de seus trabalhos em meio a estas aldeias, a forma linda como o Espírito Santo convenceu aquelas pessoas de sua miserabilidade, e como ele ficava comovido em contemplar tudo aquilo. Pessoas salvas e libertas, famílias restauradas, tudo atestava que o Senhor agia na vida daqueles índios e Brainerd, contudo, mantinha seu coração humilde e em nada atribuiu a si mesmo mérito algum.
Ele também relata como a maioria dos índios de Forks of Delaware, diferentemente dos de Crossweeksung, eram escarnecedores, e como zombavam dos demais que iam ouvi-lo e choravam nas reuniões. Brainerd registra que acredita que Satanás parece ter seu trono naquela aldeia de maneira notória, pelo fato de ali estarem os mais alcoólatras, os mais maléficos e bandidos.
Em setembro / 1745, Brainerd visitou a ilha de Juncauta, onde não obteve sucesso algum devido à tamanha idolatria e dureza de coração deles e por falta de intérprete; ele diz que ficou muito abatido ao perder a esperança acerca da conversão deles.
Ele relata momentos entre os seus índios, para os quais voltara em que, após a sua ministração, todos vinham para sua residência a fim de saberem que deveriam fazer para ser salvos. Ele conta que os índios vieram de todos os cantos para este lugar, e levantaram pequenas cabanas para si, todas a um raio de cerca de quatrocentos metros de onde ele se encontrava, o que era muito conveniente para a instrução publica e particular deles.
Ele expõe também seu cansaço, da fragilidade de sua saúde física e da solidão que sente.
Ele menciona que a Missão ajudou seus índios a quitarem altas dívidas contraídas por eles tempo atrás por causa de seus vícios passados, como o de bebidas alcoólicas; a Missão ajudou-os ainda, comprando terras para eles; para que não tivessem dificuldades em estabelecer e ampliar a sua congregação de índios crentes naquele território (oitenta e duas libras e cinco xelins, em moeda corrente de Nova Jersey que vale oito xelins por onça de peso).
De volta a Forks of Delaware, ele levou consigo seis índios para que dessem seu testemunho de conversão àqueles índios de coração endurecido ao evangelho. Ao voltar, trouxe consigo aqueles que demonstraram interesse em continuar sendo instruídos acerca do cristianismo. E, ao despedir-lhes de volta a sua tribo, alguns dias depois, alguns dos índios de Crossweeksung os acompanharam a fim de fortalecer-lhes por mais alguns dias.
Foi muito edificante ter lido os testemunhos de conversão de alguns índios no diário de Brainerd.
Outra coisa que me chamou a atenção é o fato de que, até mesmo novas cidades nasceram a partir de populações de índios convertidos que anelavam por viverem juntos na comunhão que agora ganharam em Cristo como uma sociedade transformada por Ele. E além de ajudá-los a iniciarem a cidade, Brainerd deu-lhes ainda, assistência por um tempo, a fim de que eles conseguissem viver ali de forma auto-sustentável. Como é bom saber das grandes e positivas contribuições do cristianismo protestante na vida da humanidade!
O dono deste maravilhoso Diário discorre com paixão acerca da piedade destes novos cristãos índios, e ainda, de como se comprometeram publicamente em, a partir deste marco em suas vidas, aonde quer que fossem ou estivessem, viveriam para a glória de Deus.
Em se tratando de sua metodologia ao evangelizar os indígenas que, além da necessidade comum a todos os homens por causa do pecado original também traziam diversos problemas de ordem moral, como vícios, infidelidade conjugal, etc.; Brainerd diz que a sua própria experiência, bem como a Palavra de Deus e o exemplo de Cristo, e de seus Apóstolos, o ensinaram que o exato método de pregação, que é o mais adequado para despertar no ser humano o senso e a vívida compreensão de sua depravação e miséria em um estado decaído, é também o método que obtém maior sucesso na mudança da conduta externa das pessoas. O diálogo pessoal, com solenes aplicações da verdade divina à consciência humana é o método que fere, na raiz, todas as inclinações para o vício. Brainerd afirma que, em Mateus 23.26, quando Jesus diz: “Hipócritas! Limpa o interior do copo, para que também o seu exterior fique limpo!”, Ele quer dizer que, se a fonte for purificada, a corrente ficará naturalmente pura. Por isso, se pudermos despertar nos pecadores um vívido senso de corrupção e depravação internas – sua necessidade de mudança de coração – e assim engajá-los na busca pela mente purificada, os seus vícios serão corrigidos, sua conduta e conversão serão ajustadas.
Ao final de seus registros, Brainerd diz alegremente que, dos que tomaram a decisão por Cristo, muitos foram consolidados pela transformação de mente e de conduta, a qual era visível a todos. Ele conta que lutou por não encorajar que ilusões satânicas tivessem lugar entre eles, e para que falsas conversões tomassem lugar entre os que eram acompanhados por ele. Ele menciona casos que surgiram entre eles no início de sua fé, como o pecado do orgulho espiritual e da ambição de serem mestres dos outros, etc. E afirma que seus índios têm aprendido a distinguir entre o ouro e a escória, a fim de que esta última seja “pisada como a lama das ruas”.
Ele encerra clamando por todas as tribos indígenas existentes, até mesmo pela mais remota, para que conheçam a salvação de Deus.

Eu fui muito edificada por meio desta leitura!

Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei? E quem há de ir por nós?

Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei? E quem há de ir por nós?
Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim." (Is 6.8)

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